A FIDALGUIA EM PESSOA

Neste domingo (30/08) Cabo Frio amanheceu muito mais pobre!

Longe de referir-me à economia local, “faraônica”, “egípcia”, aludo a uma riqueza escassa no mundo, a generosidade humana –pois “o coração do homem é oco e cheio de lixo”, dizia Pascal -, o que torna a perda de hoje ainda mais sentida. Digo isso porque a generosidade divina é esperada, soa-nos como um propósito teleológico, pois a Deus cabe a bondade e a generosidade eternas. Os textos bíblicos corroboram com essa ideia: “Porque Ele faz raiar o sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos...” (Mt. 5:46); “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos...” (Lm. 3:22). Mas, a generosidade humana é uma vitória improvável sobre o egoísmo e a vaidade, só obtida pelas intervenções do amor, por isso serem raros os generosos.

Já há alguns anos, a generosidade, em Cabo Frio, atende pelo nome de JOELMA FIDALGO! E, se de alguma forma o nome imprime virtude à pessoa, a fidalguia dessa “pequena mais do que notável”, tornou-se uma característica identitária.

Filantropa, dedicou a sua vida às causas sociais. Fundadora das APAEs da região e do projeto Idosos com Amor, JOELMA foi, também, presidente das Amigas da Mama e responsável pela Casa Família de Apoio ao Deficiente. (1)

Tivemos a oportunidade de recebê-la em nossa Escola Municipal Professora Márcia Francesconi Pereira por mais de uma vez, a convite da nossa querida Jane, de quem era amiga.

Recentemente “socorreu-nos” dando uma destinação nobre aos livros didáticos substituídos pelo Governo Federal. Aliás, em suas mãos, até mesmo o conceito reciclar era ressignificado, como no Projeto Árvore do Saber.

JOELMA investiu em gente. Aplicou a sua energia vital na tarefa de tornar a vida dos outros melhor. Qual o preço disso? Não tem preço, tem valor. Que o diga a mãe que encontra na APAE acolhimento, respeito e apoio para o seu filho, ou ainda, a mulher, que conseguiu suporte para curar-se de um tumor maligno com a ajuda das Amigas da Mama!

Infelizmente, esse coração generoso parou. E, mais do que um verso no poema Inumeráveis, de Bráulio Bessa, JOELMA merece o reconhecimento da sociedade por onde transitou e semeou amor.

JOELMA FIDALGO, foi uma alma cuja estatura humana dignificou o Criador e, a bem da humanidade que ainda nos resta, não poderá ser esquecida, uma vez que, a partir de hoje, converteu-se em lembrança fértil!

Cleber Menezes

(1)Folha dos Lagos